Indústria: novo líder no RS pede juro zero após enchentes
“Não imaginava, mas confesso que também não me assusto. Sou um homem acostumado a desafios.”
É dessa maneira que o empresário Claudio Bier, 81, define a tarefa de assumir o comando da principal entidade da indústria do Rio Grande do Sul em meio aos impactos das enchentes históricas no estado.
Nesta terça-feira (21), Bier foi eleito para um mandato de três anos (2024 a 2027) na presidência da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) –uma espécie de Fiesp gaúcha.
A posse ainda não tem data confirmada. Deve ocorrer no período de 15 a 20 de julho, quando se espera que o processo de reconstrução do Rio Grande do Sul esteja em vigor.
“Nosso estado está vivendo uma calamidade nunca vista. É hora de a Fiergs ajudar todo mundo e ter protagonismo”, diz o presidente eleito.
Bier é um nome conhecido do empresariado local. Atualmente, é presidente do Simers (Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS) e diretor-presidente da empresa Masal S.A.
Para a retomada das fábricas após as enchentes, Bier defende a concessão de crédito “a juro zero” ou “muito barato”.
Ele afirma que, na semana passada, esteve em uma comitiva empresarial que pediu ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) auxilie nesse processo, com o repasse direto de recursos para as empresas, sem o intermédio de outras instituições financeiras.
O objetivo, indica, é fazer com que o dinheiro chegue até as indústrias na ponta em um momento de calamidade.
“É hora de acreditar no empresariado gaúcho, dar um dinheiro, um capital de giro com três anos de carência, se possível, a juro zero”, declara Bier.
“Se não puder ser juro zero, (que seja) um juro muito barato, para que esse industrial possa pagar a dívida e recuperar sua empresa.”
O presidente eleito da Fiergs também defende o perdão ou a prorrogação do pagamento de impostos, levando em consideração o tamanho da crise.
“O Estado precisa que essa empresa se recupere, volte a pagar os seus impostos e volte a dar emprego. Tudo isso é fundamental para que o Rio Grande do Sul volte a ter o protagonismo que sempre teve”, afirma Bier.
Com as enchentes de proporções históricas, fábricas locais ficaram inundadas nas últimas semanas. Entre aquelas que seguiram operando, atrasos para recebimento de insumos e envio de mercadorias viraram realidade.
As enxurradas destruíram rodovias, arrancaram pontes e interromperam voos no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.
“É hora de a Fiergs ajudar muito o Rio Grande do Sul, as indústrias do Rio Grande do Sul, os funcionários que estão desabrigados, principalmente as pequenas e médias empresas”, aponta Bier.
De acordo com a federação, a eleição desta terça teve a participação de todos os 107 sindicatos industriais aptos a votar. Trata-se de uma adesão histórica, segundo nota divulgada pela entidade.
A vitória de Bier foi apertada. Sua chapa recebeu 54 votos, apenas um a mais do que a concorrente (53), encabeçada pelo empresário Thômaz Nunnenkamp.