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Investimentos

Incertezas ameaçam financiamento imobiliário

A classe média será a mais prejudicada na compra de um imóvel financiado caso não haja uma solução para ampliar a oferta de crédito. A Caixa, que concentra 67% dos empréstimos imobiliários, afirma que mira até a securitização de sua carteira habitacional como forma de impulsionar novos contratos.

A situação chamou a atenção do governo, que avalia medidas para tentar conter a sangria de recursos do FGTS, uma das principais fontes de recursos para o crédito habitacional.

Projeções do governo indicam que, somente com a lei que permitiu o uso do saque-aniversário como garantia para empréstimos, mais de R$ 100 bilhões saíram do FGTS para bancos comerciais.

Essa modalidade foi criada em lei pelo governo Jair Bolsonaro e, nesse momento, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, tenta revogá-la. A promessa, no entanto, ainda não avançou.

Na caderneta de poupança, que financia a compra de imóveis de valor mais elevado pela classe média, o problema é a sangria de recursos.

Com a Selic elevada (hoje ela é 10,5% ao ano), os correntistas preferem fazer saques para destinar os recursos para aplicações com rendimentos mais elevados.

Em 2023, o saldo da poupança era de R$ 975,8 bilhões, mas houve uma saída líquida de 87,8 bilhões, segundo o Banco Central.

Esse movimento de mais saques do que depósitos se repetiu em 2022, com saídas líquidas de R$ 103,2 bilhões.

A aposta do governo é que, com a queda da Selic abaixo de dois dígitos, a poupança volte a se capitalizar. No entanto, o mercado não acredita que isso ocorrerá a tempo de impulsionar a habitação.

Recentemente, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, afirmou que não há perspectivas (de recursos) que permitam avaliar como será a oferta de linhas no próximo ano.

Para tentar reverter esse quadro, o banco disse que ampliou a captação em Letras de Crédito Imobiliário (LCI), instrumento também utilizado como funding (lastro) para a habitação do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).

“A partir do movimento de redução da taxa básica de juros, pode haver oportunidades, a depender do patamares de curvas de juros futuras, de securitização da carteira de crédito imobiliário para distribuição no mercado de capitais, o que vem sendo estudado pelo banco”, disse a Caixa, em nota.

Em relação ao FGTS, que define teto para o valor dos imóveis, a Caixa informa que houve aumento da oferta de recursos para os agentes financeiros neste ano. Neste ano, o banco projeta um crescimento entre 8% e 12% na carteira habitacional.

“Para 2025, a manutenção do crescimento previsto em 2024 dependerá do comportamento da poupança, dos níveis de juros básicos e da possibilidade de securitização da carteira imobiliária.”

Com Diego Felix

Rubens Albergaria

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