CEO do Fórum Econômico Mundial deixa cargo após 53 anos
Klaus Schwab, o fundador de 86 anos do Fórum Econômico Mundial, vai renunciar ao cargo de presidente-executivo após mais de 50 anos à frente da conferência empresarial mais importante do mundo.
Schwab presidiu o encontro anual em Davos, na Suíça, desde a sua criação em 1971, transformando-o em um empreendimento altamente lucrativo, de propriedade de uma fundação de caridade, com receitas anuais de 500 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões).
Ele se afastará em janeiro e assumirá um novo cargo como presidente do conselho da fundação.
Borge Brende, presidente do conselho do fórum e ex-ministro das Relações Exteriores da Noruega, vai assumir o cargo.
“A organização tem passado por uma evolução planejada de governança de uma organização gerenciada por um fundador para uma em que um presidente e um conselho executivo assumem total responsabilidade executiva”, disse o Fórum Econômico Mundial nesta terça-feira (21).
Schwab ajudou a transformar o fórum de começos modestos como o European Management Symposium (Simpósio Europeu de Gestão) —uma conferência para empresários europeus trocarem ideias estratégicas apoiadas pela Comissão Europeia— em uma conferência frequentada pelos principais executivos, banqueiros e políticos do mundo.
No encontro mais recente, no início deste ano, o fórum atraiu mais de 50 chefes de Estado, incluindo o presidente da Argentina, Javier Milei, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e dezenas de líderes empresariais, incluindo Jamie Dimon, do JPMorgan, e Satya Nadella, da Microsoft.
Empresas pagam até US$ 658 mil (R$ 3,3 milhões) em taxas de associação anuais, com os participantes muitas vezes pagando somas adicionais enormes para garantir acomodações.
Engenheiro mecânico nascido na Alemanha, Schwab fundou a conferência enquanto trabalhava como professor de negócios na Universidade de Genebra.
Davos, a vila remota que ele escolheu como sede, foi imortalizada pelo escritor alemão Thomas Mann em seu romance “A Montanha Mágica”, no qual um sanatório de excêntricos descreve uma sociedade europeia rumo à guerra.
Alvo de ativistas climáticos, populistas e anticapitalistas, a conferência tem lutado recentemente para manter seu apelo à medida que as tensões geopolíticas e o protecionismo prejudicam seu mantra pró-globalização.
Schwab também tem sido criticado, tanto por seu salário de 1 milhão de francos suíços (R$ 5,6 milhões) quanto por estar numa linha tênue entre o trabalho do fórum como uma instituição de caridade e as empreitadas privadas ligadas ao seu fundador e sua família.
A relação do Fórum Econômico Mundial com Davos também está sob crescente tensão: a vila planeja realizar um referendo para os moradores neste junho que poderia limitar drasticamente o número de pessoas que participam da conferência, restringindo o aluguel de instalações apenas para convidados oficiais.
Schwab ameaçou mudar a conferência para outro local —apontando para o sucesso de seu encontro em Singapura durante a pandemia de coronavírus. O site Semafor noticiou primeiro Schwab deixou o cargo.